quarta-feira, agosto 30, 2006

O que é doping?

Apesar de parecer simples, definir doping não é tão fácil. A grosso modo pode-se dizer que são técnicas ou substâncias usadas para se obter vantagens em competições esportivas. Existem vários tipos de doping: o que utiliza substâncias químicas, como a ingestão de drogas para melhoria do desempenho orgânico, é chamado de doping bioquímico; as técnicas que se valem de estímulos externos relacionados à física, como descargas elétricas na musculatura, são chamados de doping físico; as técnicas que envolvem fraudes tecnológicas, como alterações de registros e dados, são chamados de doping tecnológico. Substâncias que os atletas não podem usar. Quais são elas?

As substâncias proibidas dividem-se em cinco classes farmacológicas:
estimulantes - como o próprio nome diz, são substâncias que estimulam, excitam o organismo, alterando o metabolismo. Entre os estimulantes destacam-se as anfetaminas, a cafeína, a cocaína e seus derivados como o crack, a efedrina, a estriquinina e a terbutalina. Assim, valores superiores a 500 ng/mL de salbutamol na urina, por exemplo, são passivos de punições. Algumas substâncias proibidas são permitidas em tratamentos específicos, como a adrenalina e o imidazol que podem ser usados como anestésicos locais.
narcótico-analgésicos - são substâncias notoriamente narcóticas, ou seja, dopam quem delas se utiliza ou relaxam ou amortizam a dor. Entre essas substâncias, destacam-se: a morfina, a heroína, a hidrocodona entre outros compostos correlatos.
agentes anabolizantes – esse grupo de substâncias divide-se em dois subgrupos: os esteróides anabolizantes androgenizantes como a testosterona e seus derivados, a bolasterona, a androstenediona, a noratandrolona, entre outros agentes. Caso o exame evidencie uma relação superior a 6 partes de testosterona para uma de epitestosterona, será considerado positivo. Contudo, um estudo endocrinológico deverá ser realizado para saber se o distúrbio é natural. O outro grupo dos agentes anabolizantes compreende os beta-2 agonistas , entre outros, destacam-se o fenoterol, o formoterol, o salbutamol e a terbutalina;
diuréticos - a bumetanida, a espronolactona, a diclofenamida e o manitol que é proibido em injeções diretas na veia;
hormônios peptídicos e substâncias análogas – Dentro deste grupo destacam-se sete subgrupos:
1 - a gonadotrofina coriônica humana (HCG), unicamente para o sexo masculino, eleva a produção de esteróides androgênicos, que aumentam a produção de hormônios masculinos, resultando, entre outras coisas, no aumento da massa muscular.
2 - as gonadotrofinas pituitárias e sintéticas (LH), também exclusiva para os homens, como o ciclofenil, o tamoxifene e o clomifene, que são vedadas por possuírem efeitos similares ao da HCG.
3 - os hormônios de crescimento (HGH), responsáveis pelo crescimento, cujos efeitos colaterais podem promover reações alérgicas, diabetes e acromegalia.
4 – Insulina, hormônio secretado pelo pâncreas, com importante função no metabolismo dos açúcares pelo organismo. Sua utilização aumenta a queima dos açúcares o combustível do corpo humano. Com isso, há maior produção energética, resultando em ganhos consideráveis no desempenho. Porém, o excesso de insulina queima rapidamente os açúcares e leva à hipoglicemia e à conseqüente falta de energia, fazendo com que o cérebro não tenha como comandar o organismo, induzindo-o ao coma ou desencadeando uma morte súbita.
5– Fator de crescimento tipo insulina (IGF-1) essencialmente pelas características similares às apresentadas para os subgrupos 3 e 4.
6 - Eritropoietina (EPO), hormônio capaz de aumentar a produção de glóbulos vermelhos, o que eleva a capacidade de assimilação e transporte de oxigênio, aumentando assim o rendimento do atleta em atividades de média e longa duração. Seu uso já levou à morte muitos atletas, outros adquiriram problemas como trombose, coagulação do sangue na circulação, hipertensão arterial, convulsões e problemas renais.
7 - a corticotrofina (ACTH), que atua produzindo euforia.
Existem outras formas de burlar as competições esportivas? Lance a pergunta e aguarde os depoimentos dos alunos. Em seguida, apresente as informações abaixo sobre as demais técnicas de doping existentes.
Outras técnicas

Além do doping por ingestão de substâncias químicas, alguns métodos também são proibidos, como:
Manipulação física, química e farmacológica da urina - é vedado o uso de qualquer substância que possa deturpar qualquer amostra de urina, como os diuréticos, que estimulam a filtragem renal e a liberação excessiva de urina, eliminando vestígios de substâncias ilegais.
Administração de transportadores artificiais de oxigênio e substitutos de plasma. Esse tipo de procedimento visa aumentar o desempenho do atleta com substâncias que agem fornecendo doses maiores de comburente para aumentar a explosão física.
Transfusão de sangue. Como no uso de substâncias que aumentam a assimilação de oxigênio, a inserção de mais glóbulos vermelhos faz com que a queima dos combustíveis energéticos se acentue, aumentando a explosão física. Por outro lado, tais procedimentos podem levar a reações alérgicas, sobrecarga de circulação e choque metabólico.
Existem também substâncias sujeitas a restrições específicas:
Álcool. Por se tratar de uma droga lícita, a restrição depende muito da faixa etária, porém, a restrição ao uso pode ser feita pelas federações, estabelecendo punições.
Maconha. A proibição é veemente. Qualquer presença de seus metabólitos na urina é passiva de punições. Urina com concentração superior a 15 ng/mL (o equivalente ao assimilado por bem menos que uma tragada), requer sanções.
Anestésicos locais. A não ser a cocaína, são permitidos anestésicos injetáveis como lidocaína, procaína, adrenalina entre outros. Porém, a liberação só é permitida com a emissão de um laudo médico especificando dosagem e os motivos da recomendação.
Glicorticóides. São hormônios que agem em situações de estresse, bloqueiam processos inflamatórios e inibem o crescimento. Não há restrição a aplicações tópicas, injeções locais e terapias inalatórias, contanto que notificadas previamente.
Beta-bloqueadores. Substâncias cujo mecanismo de ação ainda não é bem conhecido. Entre seus efeitos destaca-se a redução na liberação de noradrenalina por bloqueio. Um dos efeitos verificados a partir do uso dessas substâncias está associado à diminuição do consumo de oxigênio graças à redução da freqüência cardíaca. Por sua ação, é recomendado para tratamentos cardíacos, entre eles o pós-infarto e na prevenção de enxaquecas.
As listas de substâncias e técnicas proibidas ou restritas sofrem alterações de ano em ano, uma vez que novos estudos ou produtos apontam para novas restrições ou liberações. O veto inclui substâncias correlatas, ou seja, que possuam princípios ativos similares ou que depois de sofrerem modificações no organismo acabam gerando substâncias proibidas ou tendo efeitos restritos. Maiores detalhes podem ser obtidos no site http://www.fosp.com.br ou na Confederação Brasileira de Orientação: Rua Tenente Carrion, 7 – Vila Oliveira – Santa Maria – RS. Cep 97020-690 – Fone/FAX (55) 212-3348 ou pelo e-mail: cbo@sm.conex.com.br
Efeitos de cada substância no organismo. Cada uma das substâncias apresentadas pode exercer ou induzir diferentes efeitos no organismo dos atletas, que variam do alívio da dor à euforia, da calma à depressão, enfim, da glória à desgraça. Entre algumas podemos destacar: Analgésicos e tranqüilizantes – essas substâncias agem de duas maneiras distintas:
- perifericamente, diretamente na origem dos sinais da dor. Entre as substâncias liberadas encontra-se o ácido acetil salicílico e o paracetamol.
- no sistema nervoso central, alterando o processamento dos sinais que o cérebro recebe através dos nervos; justamente por agir dessa forma, pode induzir o organismo à dependência, modificando o humor e o comportamento do indivíduo.
A ansiedade é um dos problemas que muitas vezes prejudica o desempenho dos atletas, por isso, causa problemas como a insônia, que resulta de uma atividade neuronal acentuada, despertando o estado de vigília. Para conter essa atividade intensa muitas vezes utiliza-se uma substância chamada benzodiazepina que tem a propriedade de se ligar a moléculas de proteína contidas nas junções entre os nervos, o que aumenta a capacidade de neurotransmissores se ligarem a regiões vizinhas da mesma molécula. O resultado é a inibição dos impulsos nervosos. Assim, em doses pequenas, as benzodiazepinas agem como antianciolíticas e em doses maiores como sedativos. O organismo que acaba necessitando de sua ação contínua torna-se dependente.
Estimulantes - são drogas cujo uso não está associado a nenhuma recomendação médica, entre elas o álcool (etanol) ou até as citadas anteriormente de modo que a finalidade seja puramente provocar sensações de euforia. A ação dessas substâncias está diretamente associada à possibilidade de conectividade existente entre elas e os neurônios e seus neurotransmissores, em especial a noradrenalina (norepirefrina), cujas ramificações abundantes fazem com que esteja diretamente ligada a outros neurônios. Com isso, compromete-se a eficácia funcional, seja pela dose excessiva de impulsos, ou pela ineficácia às respostas esperadas. A adrenalina e a anfetamina são outros exemplos desses estimulantes. Dentro do grupo dos estimulantes, também se destacam a cafeína e o tetraidrocarbinol.
Hormônios sexuais - secreções cuja predominância difere conforme o sexo. A testosterona e o estradiol são os principais exemplos.

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