domingo, maio 06, 2007

quarta-feira, agosto 30, 2006

Como os atletas podem conseguir melhor desempenho, obter maior massa muscular de forma natural, combinando exercícios e alimentação?

A melhoria do desempenho se dá a partir de treinos cercados de profissionais. O médico deve acompanhar a evolução do atleta, o que evita situações como a ocorrida com o jogador de futebol camaronês Marc-Vivien Foe, que morreu de parada cardíaca durante uma partida da Copa das Confederações em 2003, acredita-se que por uma propensão a problemas cardíacos e à fadiga. Os treinos e os atletas devem ser supervisionados por profissionais habilitados: treinadores, preparadores físicos, nutricionistas, médicos, entre outros. Com todo suporte necessário, os competidores passam a exercer uma batalha de superação, obedecendo, obviamente, seus limites. Exemplos como o do atleta norte-americano "Raymond Ewry", que teve poliomielite (paralisia infantil) na infância e mesmo assim, depois de muita luta para superar a doença, ganhou oito medalhas de ouro em três olimpíadas consecutivas, em salto em distância, salto em altura e salto triplo, o que mostra que a superação dos limites e a vontade de vencer depende do desejo de cada um.

É com muita força de vontade, alimentação adequada e exercícios apropriados que se consegue o desempenho ideal, obviamente o biótipo do atleta tem fator preponderante no sucesso, ser baixo e magro é vantagem para ginastas e jóqueis, entretanto, ser alto é benéfico para jogadores de basquete e vôlei, mas isso não é uma regra, vemos, por exemplo, jogadores baixos perto de gigantes dando verdadeiros shows, mas para tudo existem limites. Não adianta querer ganhar massa muscular se seu biótipo não permite, é utópico querer deixar o corpo da ginasta Daiane dos Santos igual ao do astro do basquete Shaquille O’Neal, da mesma forma que o inverso também é ilógico, por esse motivo, devemos também respeitar a nossa natureza. Pelo menos nesse quesito, ainda estamos longe de ver o nosso Guga como campeão de sumô.

Como avaliar os suplementos nutricionais

ELLEN COLEMAN, M.P.H., M.A., R.D.
Consultora em nutrição dos LA Lakers e da Sports Clinic (Riverside, Califórnia)

Muitos atletas ingerem suplementos nutricionais como vitaminas, minerais, aminoácidos e ervas entre outros para melhorar seu desempenho e saúde. Mas é preciso cuidado! Diferentemente de medicamentos, esses suplementos não foram aprovados pelo FDA quanto a sua segurança e eficácia. Os suplementos nutricionais não são padronizados e por isso não há garantia quanto à potência (intensidade) do produto ou seu grau de pureza. O controle de qualidade pode ser deficiente por parte de alguns fabricantes, isto é, a quantidade de um ingrediente ativo pode ser diferente da quantidade que o fabricante diz conter. Alguns suplementos apresentaram contaminantes ou níveis perigosos de ingredientes ativos causando lesões ou óbitos. O fato de um produto alegar conter ingredientes “naturais” não garante que ele seja seguro.

Alerta com relação a substâncias proibidas
Alguns suplementos nutricionais podem conter ingredientes, tais como androstenediona ou efedrina, que podem resultar em testes positivos para substâncias proibidas. É possível que os atletas não percebam que um produto contém um ingrediente proibido porque um nome diferente é usado para apresentar o ingrediente ou esse não é declarado no rótulo.
No mínimo, o uso involuntário de produtos proibidos por um atleta pode resultar em sua suspensão por doping.

A escolha de um suplemento

Apesar de não haver garantias, selecione suplementos nutricionais que:

- Apresentem a sigla USP (United States Pharmocopeia) no rótulo. A sigla USP significa que o suplemento passou por testes de diluição (para avaliar o quanto ele se dissolve), desintegração, potência e pureza. O fabricante também deve provar que o produto passou por testes para avaliar conteúdo, potência, pureza e uniformidade.
- Sejam fabricados por indústrias alimentícias e farmacêuticas conhecidas no país. Fabricantes idôneos seguem procedimentos rigorosos de controle de qualidade. Se a empresa não responde às perguntas nem trata das reclamações recebidas, não use o produto que ela fabrica.
- Sejam respaldados por pesquisas. Empresas idôneas deveriam publicar trabalhos científicos em periódicos revisados por profissionais para respaldar a qualidade de seu produto.
- Tragam informações precisas e apropriadas. Se as declarações não são claras ou se o rótulo contém afirmações absurdas, é pouco provável que a empresa siga bons procedimentos de controle de qualidade. Tenha cautela se as alegações parecerem boas demais para serem verdadeiras.

Procure um médico ou nutricionista para falar sobre os suplementos nutricionais. Esses produtos podem interagir com medicamentos vendidos com ou sem prescrição e com outros suplementos, podendo causar efeitos adversos potencialmente sérios. Leia o rótulo do produto, siga todas as orientações e preste atenção às advertências. Relate qualquer efeito adverso ao médico e ao programa MedWatch do FDA.

Alerta dos especialistas

Existe um grupo específico de suplemento que recebe um alerta dos especialistas. São os chamados pró-hormônios, caso do DHEA (dehidroepiandrostero na), que estimula a produção de testosterona pelo organismo. "Os pró-hormônios causam uma "salada química" no organismo, chegando a ser responsáveis também por casos de ginecomastia (aumento das mamas masculinas)", diz Zogaib. São considerados precursores dos anabolizantes por terem a mesma base. Apesar disso, o consumo dos pró-hormônios ainda não foi proibido. "A pessoa acha que não está tomando anabolizantes, mas está", completa Zogaib. Não há dados oficiais, mas os profissionais da área estimam que a faixa etária dos consumidores fica entre os 17 e os 35 anos, os quais, em sua maioria, frequentam academia. "Uma pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que 70% dos praticantes de atividades físicas tomam algum tipo de suplemento. A porcentagem aumenta para 100% entre os praticantes de musculação das academias. Acredito que os números são parecidos entre os brasileiros", diz Zogaib.

Exclusivo: Jovens abusam da efedrina vendida indiscriminadamente no Brasil.

Pode parecer incrível, mas a efedrina, substância dopante que tirou Maradona da sua última Copa do Mundo e acabou com a carreira de tantos outros atletas, é largamente comercializada em suplementos alimentares na maioria das cidades brasileiras. Os jovens adquirem facilmente as cápsulas em academias, em lojas especializadas, farmácias e até mesmo pela internet. Isso dificulta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) fiscalize a venda desses potes de comprimidos.
O pior é que jovens utilizam os comprimidos com efedrina não só para malhar, mas também na sua rotina diária e em festas. "Sempre tomo dois antes de sair à noite. Durante a semana, tomo logo quando acordo, dá disposição" afirma o universitário brasiliense Leonardo Gimenez, 25 anos. Seus amigos também fazem o mesmo. Eles sabem os melhores locais para comprar, os preços e quais são os mais potentes. O uso da efedrina associado ao álcool, cigarro e outras drogas, como os adolescentes costumam fazer, pode causar diversas complicações, com os prejuízos variando de acordo com cada organismo e a quantidade de drogas ingeridas.

Com pouco tempo de uso, os jovens sentem os efeitos. "Fiquei com o estômago muito sensível, vomito fácil" afirma Leonardo, com as mãos trêmulas. Outros sintomas que talvez o estudante não tenha notado são os tremores, o nervosismo exacerbado, a irritabilidade constante, dores de cabeça e mudanças da pressão arterial.
A substância considerada doping há muitos anos é um broncodilatador e melhora de maneira ilegal o desempenho dos atletas. Só que em contrapartida, o aumento dos batimentos cardíacos provoca a liberação de adrenalina. Velha conhecida da juventude.
Um levantamento feito pela American Medical Association em 2003 constatou a morte de cinco pessoas devido ao uso de efedrina. Isso, sem contar as cinco pessoas que tiveram complicações cardíacas e os quatro ataques de epilepsia provocados diretamente pela substância só nesses últimos oito meses. Sua utilização só é aconselhada no tratamento de doenças respiratórias e com acompanhamento médico.

As questões éticas históricas

A questão dos dopings se perde no tempo. Casos de praticantes de atividades esportivas utilizando bebidas alcoólicas, macerações feitas a base de cogumelos tóxicos, invadem os primórdios olímpicos. Sagrações a Dionísio, o deus do vinho, entre outras, fazia com que alguns competidores arriscassem seus talentos trançando as pernas, evidentemente, nada conseguiam, além de iludir a ansiedade. A falta de registros impede um estudo mais rigoroso, entretanto, no início do século XIX a morfina foi descoberta e pouco depois usada em cavalos de corrida. No final desse mesmo século, mais especificamente em 1879, era comum entre os ciclistas europeus o uso de uma espécie de coquetel vasodilatador formado por açúcar, éter e nitroglicerina, uma literal bomba. A primeira morte associada a doping aconteceu com um ciclista inglês que misturou nitroglicerina com cocaína, detonando a própria vida. Entre os jogos olímpicos, o de Roma, em 1960 despertou uma preocupação especial, quando três atletas, um norte-americano, um inglês e um dinamarquês morreram pela ingestão de estimulantes. Os casos espocavam pelo mundo todo, em 1968, no México, o COI tentou cercar o uso do doping, mas as técnicas e a turbulência da época dificultou a investida, até que em 1972, em nos Jogos Olímpicos de Munique instituiu-se o controle efetivo dos casos de dopings nas praticas esportivas.

A atuação do Comitê Olímpico Internacional (COI) se intensificou a partir de então. Em 1984 uma denúncia do uso de somatotrofina extraída da hipófise de cadáveres humanos traz a tona o trabalho de laboratórios na tentativa de construção de superatletas para as olimpíadas de Los Angeles, o que motivou no ano seguinte ao barreirista norte-americano Edwin Moses a promover uma campanha mundial contra o doping dos atletas, uma luta árdua que só foi vencida quando o COI o apoiou. A confissão em 1989 de Marita Koch chocou o mundo, a atleta revelou que fora dopada desde a infância para se tornar imbatível. Mas foi em 1993 que os resultados do uso de anabolizantes em mulheres causou maior espanto, Heidi Krieger, arremessadora olímpica de peso da Alemanha Oriental confessou ter recebido injeções de hormônios masculinos durante todo período em que participara das competições e por isso, seu corpo modificara, por isso, seria submetida a uma cirurgia de mudança de sexo. Heidi passou a se chamar Andréas e em 1998 quis devolver juntamente com outras duas atletas suas medalhas, por tê-las conquistadas de modo indevido. O remorso alemão modificou a cultura daquele país, entretanto, novas superatletas despontavam, desta vez vestindo as cores da China, mas nada foi comprovado. A suspeita é provavelmente os chineses tenham desenvolvido algumas técnicas de mascaramento dos resultados. Mais uma vez acredita-se que a saúde e a ética tenham sido colocadas de lado em prol de objetivos escusos.
Outras técnicas que beiravam o absurdo chegaram a ser utilizadas, a inserção de ar pelo ânus dos nadadores para que o corpo flutuasse com facilidade era comum em grande parte dos países comunistas e até entre alguns países capitalistas. Mas o ganho era considerado pequeno diante de outros avanços, por isso, logo foi abandonada. Era um tipo de fraude difícil de ser detectada. A manipulação da urina também extravasava a sensatez. A troca da urina do sorteado durante a coleta, pela urina saudável de outro atleta guardada em frasco escondido em certas partes do corpo, para que mantivesse a temperatura adequada, já foi uma prática muito comum, assim como misturar cerveja, uísque ou saliva para alterar o pH e diluir a amostra. Mas a mais impressionante técnica era a da introdução de um cateter até a bexiga vazia do atleta que seria escolhido pelo doping para que ali fosse colocada a urina de um atleta saudável para posteriormente ser coletada e assim apresentar resultados satisfatórios.
Como se pode notar, as questões éticas continuam sendo colocadas em segundo plano: muitos atletas se sujeitam a trapaças para tentar vencer as provas a todo custo. As autotransfusões são praticadas de modo intencional, parte do sangue do atleta é retirada, cerca de um mês antes, mantido resfriado a 4o C, e aplicado pelo próprio atleta. Isso favorece a oxigenação, o que representa uma vantagem significativa para provas que às vezes dura por vários dias. Mas esse processo é perigoso e o risco de embolia é muito grande, foi o que aconteceu com o jogador de futebol belga, Luck Derick em 1991. Antes, do recurso da autotransfusão os atletas recorriam ao uso de doses de EPO, substância que estimula a produção de hemácias e que resultava em ganhos no desempenho para o competidor. Contudo, desde que a técnica da detecção de EPO já foi desenvolvida, os desleais têm apelado para outros recursos. Segundo os relatos do atleta francês Philippe Gaumont, "para evitar serem flagrados pelo uso da testosterona injetável, os atletas sem escrúpulos colocam uma cápsula de Pantestona sob a língua, uma vez que essa versão do hormônio é eliminada com maior velocidade do que quando injetada". Outras formas de fraudes são encontradas, como falsos atestados médicos que induzem ao uso de medicamentos proibidos, como se deles fossem dependentes.